Um pensamento em “Viver menos para viver mais

  1. esse é o desafio diário… para uns, com intensidade bem mais profunda. em verdade, não sei o quanto o suicídio, ao suicida, pode ser “prazeroso” por colocar fim à angústia que o aflige. na minha família, tive uma tia que se suicidou, enforcada. não sei se por “pena” aos familiares, disseram que ela ainda tentou se soltar. meu convívio com ela foi curto e sempre tive vontade de ter aprofundado nossa relação, o que nunca aconteceu. ela morreu eu era novo e hoje em dia sinto que poderíamos ter uma sintonia muito forte.
    não há como comparar dores e angústias, mas já sonhei que dava um tiro na cabeça, cheguei a sentir a bala atravessando minha cabeça. o sonho acabou não sendo nada assustador pra mim, apesar de eu nunca, de fato, ter tentado suicídio e nem cogitado faze-lo, mas diversas vezes, na adolescência, imaginei “n” situações em que poderia morrer.
    e penso na família, em alguns amigos e na minha namorada, que também sofre das mesmas angústias. eu sempre me lembro da ideia de Camus que diz que uma vez que a semente da dúvida é plantada, ela nunca mais desaparece, fica ali, germinando e o suicida pode sê-lo por diversos motivos, não há algo específico que o leve a isso. é a desconexão com tudo, é esse abismo entre o eu e o exterior.
    enfim, odeio quando julgam suicidas. sei que todos temos responsabilidades com nossos amados, mas eles também tem responsabilidade de ter empatia para com quem o fez isso. entender nunca é fácil, só entende quem vive com isso em mente, ou as vezes nem entende.
    no meu aperto no peito diário, na minha falta de motivação, na minha alegria cinzenta por dentro, eu vou levando, tentando acreditar nas pílulas, tentando acreditar nos ciclos em que passo (uma hora to mais presente no mundo, outra hora bem apático) e esperando que um dia esses ciclos fiquem menos constantes.
    as ideologias, os ensinamentos Zen, etc são verdades utópicas, idealizadas, não para que as alcancemos na sua plenitude, mas para que através delas consigamos alcançar algo próximo disso.

    boa jornada, amigo. nesse mundo virtual e anônimo, é sempre bom perceber que existem outros que também não aguentam a realidade ditatorial da felicidade.

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